Os tipos de diabetes que acometem crianças e adolescentes são o 1 e o 2. O 1, de acordo com a SBD, se dá quando o próprio sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, fazendo com que pouca ou nenhuma quantidade do hormônio seja liberada para o corpo.
Seus principais sintomas são sede constante, vontade de urinar diversas vezes ao dia, alterações no apetite, perda de peso (mesmo comendo mais), fraqueza e fadiga.
O tratamento é feito com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas.
O tipo 2, por sua vez, ocorre quando o corpo não consegue aproveitar adequadamente a insulina produzida ou não a produz em quantidade suficiente para controlar a taxa de glicemia.
Os sintomas, apesar de menos perceptíveis, são basicamente os mesmos do anterior, acrescido de formigamento nos pés e nas mãos, infecções frequentes na bexiga, nos rins e na pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
Normalmente, o controle se dá com atividade física e planejamento alimentar. Casos mais graves exigem o uso de insulina e/ou outros medicamentos.
Embora não exista cura, Denise Reis Franco, diretora da ONG ADJ Diabetes Brasil, destaca que vários progressos ocorreram nos últimos anos.
“Foram desenvolvidas, por exemplo, insulinas mais modernas e eficazes e novos aparelhos domiciliares para medição de glicose e aplicação de insulina. Aos poucos, o diabético está tendo mais opções, que facilitam o tratamento, e isso é importantíssimo porque o maior desafio ainda é o controle do índice glicêmico, sobretudo entre os adolescentes”, diz.
Apesar disso, a especialista explica que o mais importante é prevenir o diabetes, com a adoção de hábitos saudáveis.
“Isso inclui controle do peso, dieta equilibrada, rica em verduras, legumes e frutas e com redução de sal, açúcar e gorduras, e a prática regular de atividade física, de acordo com cada faixa etária”, finaliza.
Caroline e Pedro Henrique: vigilância diária
Lidando com o diabetes tipo 1 há alguns anos, Caroline e Pedro Henrique fazem tratamento com insulina e precisam checar a glicemia todos os dias.
Para a medição, ambos usam um sistema de monitoramento contínuo de glicose (um pequeno sensor descartável inserido na pele). Já para a aplicação, ela utiliza a bomba de infusão e ele, a caneta de insulina.
Parte fundamental da terapia é uma dieta saudável. Nas refeições, Caroline também precisa fazer a contagem de carboidratos, para saber a quantidade exata de insulina que deve ser utilizada.
No caso de Pedro Henrique, por ainda estar na chamada fase de “lua de mel da diabetes” – quando é possível controlar os níveis de açúcar no sangue apenas com o tratamento com insulina -, isso, por enquanto, não é necessário.
Apesar de todo o controle, as mães revelam que de vez em quando permitem que os filhos comam algumas guloseimas, especialmente em festas de aniversário.
“Em certas ocasiões, a Caroline come um pedaço de bolo, um brigadeiro, uma fatia de pizza… mas depois precisamos fazer a correção com a insulina. Por isso, temos de saber exatamente tudo o que ela consome todos os dias e o dia todo”, conta Ana Paula.
Erika diz que evita proibições: “O meu medo é eu não deixar e o Pedro comer escondido. Prefiro ensiná-lo a se alimentar corretamente e saber o que ele coloca na boca”.
Depois do baque inicial com a notícia da doença, as duas famílias tiveram de se adaptar ao tratamento e à nova rotina, mas, atualmente, afirmam que conseguem conviver relativamente bem o problema.
“É uma luta diária, mas fazemos de tudo para que a nossa filha tenha a vida mais normal possível. E para que ela não se sinta sozinha, participamos de vários grupos e eventos sobre diabetes e incentivamos que ela tenha contato com outras crianças diabéticas”, conta Ana Paula.
“O Pedro, num primeiro momento, não lidou bem com o diagnóstico, aí o levei para a terapia”, relata Erika. “Hoje, ele é bem consciente e entende o que acontece no seu corpo. Claro que não dá para esquecer que ele tem uma doença, mas precisamos seguir a vida. A minha esperança é que no futuro descubram a cura ou, ao menos, uma terapia que maltrate menos as crianças.”
FONTE: Informações | BBC NEWS